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insights

21/01/2013

  • saudades ou .. à maneira de Cortázar - aqui




do Vento 1..

(6.11.09)

há quem fotografe flores, se apaixone pela sua beleza delicada. eu é de nuvens que gosto. enternece-me a sua fugacidade, a sua quase inexistência: passa um minuto e aquela nuvem é já outra nuvem, outras as tonalidades, os contornos, o espaço em volta

gosto de nuvens, sobretudo nos limites dos dias. acordo e elas estão lá, tingindo-se do sol que nasce. olho-as como se dissesse nuvem, ou como se dissesse mãe. extasio-me com a sua luz, o movimento, o devir constante. viajantes na minha manhã. e eu, única, olhando-as

.
lembro-me de um dia, há muitos anos, era verão. estava a 20 metros da escola e não fui. por cima da ponte parei-me * a olhar o céu,  vermelho como só nalguns fins de tarde. olhava e extasiava-me, olhava e imbuía-me de luz beleza arte. olhava e era um fogo que me prendia, me encandeava. eu em duplo no cimo da ponte. eu já muito grávida, só sentidos, ebulição. eu ali parada,  guardando em nós o instante irrepetível daquele céu.

as minhas nuvens hoje, rumando ao mar..

* é o José Luís Peixoto que assim usa este verbo - aqui, só podia tê-lo deste modo, reflexivo, estático, pregado ao chão

*

e de repente sou ela, naquelas ruas naquele barco naqueles braços.
é ela e é criminosa. é ela e é traficante.
é teresa e eu quero ser ela, na prisão na casa no barco, sofrendo amando fugindo.
e os livros. os livros. os livros. a luz gris de l'alba.
a paixão mais paixão. um galego que morre e a dor, a dor, a dor. a dor infinita, a impossível dor.
e morta renasce. é ela, sou eu.
eu, para sempre, ela. passado, futuro, ela, eu.

AL, depois de A Rainha do Sul (*), de Pérez-Reverte
(*) o livro com que, auto-didacta, comecei a aprender castelhano ..

*


17/1/2010
VERMELHO
a quem, poeta, num comentário me atribuiu uma cor..

quadro de Egon Schiele

serei então 'encarnado',
vermelho-rubro
eu auto-fágica, consumindo-me chama
eu incêndio - dentro, em volta
desenhando o tempo
a rojo-sangre

eu às vezes.
ansiando des-ser
vermelho
queria-me ausência, branco, preto.
ou azul




*

7/2/09
die Lorelei, ou  
o 25 de Abril 34 anos depois
 .
"Ich weiss nicht, was soll es bedeuten, dass ich so traurig bin ..." assim começa o poema Die Lorelei, de Heinrich Heine, que, numa tradução livre, será qualquer coisa como "não sei o que pode significar esta tristeza...".

No meu caso terá sido a visão dos cravos, mal cheguei hoje à escola: vermelhos, omnipresentes, significado e significante afastando-se inexoravelmente.

Dói-me a memória daqueles slogans de há 34 anos, sobretudo um, tão veementemente sentido: "O Povo / unido / jamais será vencido!" - verdade inquestionável, de uma invencibilidade segura e para sempre ... "como havíamos de morrer, tão próximos, e nus, e inocentes", dizia o Eugénio de Andrade...

A 3 dias do 25 de Abril, o que resta em mim é basicamente o desencanto - que desejaria um nada: absoluto, redondo, e final. Tudo a esse sentimento de perda, à certeza de que me enganei, de que nos enganámos todos (tão próximos, e nus, e inocentes) ...

A iconografia, absolutamente oca, o que resta. Transformada em objecto turístico, comerciável. "O 25 de Abril, para mim, é nome de ponte, um feriado mais no calendário", dizem os meus alunos.

Eu, agora professora, olho para os cravos - vermelhos, omnipresentes - e tenho vontade de chorar. E tenho raiva de quem, todos os dias, fecha "as portas que Abril abriu". Tenho raiva dos oportunismos, das corrupções, da lambe-botice recompensada, do carneirismo-carreirismo militantes, da mediocridade incentivada, da inércia das nêsperas, do afã dos adesivos, das atitudes dúbias e duais, do endeusamento das aparências.


Tenho raiva de já não acreditar
que
O 25 de Abril, como o Natal, é "quando um homem quiser".
O 25 de Abril seria, para sempre
- a liberdade sem amarras, a justiça, a inteligência, a coragem recompensadas
- o pensamento correndo livre, as ideias confrontando-se sem medos, construindo utopias
- a euforia de, juntos, trabalharmos para um futuro que queríamos - críamos - melhor.
- a convicção de que, juntos, podemos transformar o mundo.

" tão próximos, e nus, e inocentes" ....


ana lima, 22 Abril 2008

*
10/4/2011
.
eu não quero estar a corrigir testes a um domingo
avaliar trabalhos
pensar em notas
não quero estar encafuada em casa
sentada a uma mesa
e o sol lá fora
o mar ao fundo, chamando-me
na praia,
todas-as-avaliadas-pessoas deste país.
os risos na rua
os cães que ladram
carros que passam
e a efusão dos pássaros.
apaixonados,
primaveris.
o esplendor lá fora,
eu dentro
eu a ter que trabalhar.
eu professora.
é domingo.


* * *

A melhor mousse de chocolate do mundo! :)

.. e alrededores! ;-) pois.. não é para me gabar, mas é o que toda a gente:-)) me diz .. Esta vai dedicada ao meu sobrinho querido, que tem aparelho novo nos dentes, ñ pode comer coisas sólidas e está .. no país du chocolat! alô Bruxelas! :-)))

A tal mousse, então: o 'segredo' é não pôr nem acúcar nem manteiga (mto menos margarina!) e muitos ovos. Exacto, só o chocolate e ovos (qto mais ovos, mais fofa..)

ingredientes:
  • 1 tablete de chocolate com grande percentagem de cacau (70%, pelo menos) *
  • 6 a 8 ovos
* ultimamente faço com chocolate negro – a marca, qq uma serve..

agora o processo:
  • então, batem-se as gemas, enquanto o chocolate (partido aos bocados) derrete no micro-ondas (+/- 2 min, temperatura média-)
  • verte-se o chocolate sobre as gemas, devagar e mexendo sp para as ditas não cozerem..
  • batem-se as claras (muito, muito, em 'merengue', que é + consistente do q em 'castelo'. Ah, e eu deito-lhes umas pedrinhas de sal grosso (bastantes..:)) e depois vão-se envolvendo com o resto (pacientemente, com movimentos lentos, circulares, a colher - de pau, claro! - assim como que desenhando todo o recipiente - que pode ser o definitivo..)
e pronto.. põe-se no frigorífico para arrefecer. Bon appétit!
muita informação, muitas imagens apetitosas, muito de chocolate, aqui

à propos:

viram, com certeza, o filme '
Chocolate' .. ?
- com a Juliette Binoche e o Johnny Depp?
- a não perder, se ñ conhecem..